sábado, 30 de outubro de 2010

A direcção do sangue

Quando se viaja sozinho
pelas imagens que perduram
as evocações ganham um modo tão real
A mancha ténue dos arbustos
indica o caminho para o regresso
que nunca há
o mar ficou de repente perto
sobre esta praia travámos lutas
para as quais só muito depois
encontramos um motivo
era à pedrada que nos defendíamos
do riso mais inocente
ou de um amor
Mas aquilo que nunca esquecemos
deixa de pertencer-nos e nem notamos
Estamos sós com a noite
para salvar um coração

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O canto dos pássaros

Queria cantar como um pássaro.
Dizer aquilo que sinto sem que ninguém o perceba, mas, ao menos, dizia-o em alta voz e havia quem, no seu silêncio, ficava feliz por escutar-me.

Já pensaste como é bom ouvir o canto dos pássaros, no silêncio do teu ser?

Porque não ouves a minha voz?
Estou aqui! Clamo em alta voz!
Não entendes?
Afinal, já não quero ser um pássaro, porque...
Eu

sou
um
pássaro
!

(pena não conseguir voar até atingir o firmamento, o firmamento do teu ser)